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  A Propósito do Dia do Professor Décio Schons Já lá se vão mais de quatro décadas desde aquele 15 de outubro de 1975, quando cursava o 3º ano da EsPCEx. Era uma bonita quarta-feira de sol e o Coronel José Maria de Toledo Camargo, nosso Comandante, me havia convidado para estar com ele naquele almoço festivo, juntamente com os professores e os instrutores, no Salão Nobre da Escola – o Salão Carlos Gomes. O motivo era simples: eu havia sido o vencedor do concurso de redação cujo tema era exatamente a data que estávamos a celebrar – o Dia do Professor. Minha redação foi publicada naquele dia em “A Torre”, o semanário informativo da Escola. Mas aquilo ainda não era tudo, pois o Coronel Camargo, além de me convidar para tomar assento à sua mesa, ao lado dos professores e oficiais mais antigos, convidou-me a fazer a leitura de meu texto para aquela ilustre audiência (uma imagem da publicação de “A Torre” daquela data vai na sequência a este texto). Durante a refeição, o Coronel Camargo nos

AS ANDORINHAS VOLTARAM!

  Hoje é um dia muito especial e tudo começou cedo. Eram 8 horas da manhã. Beth e eu havíamos comentado, momentos antes, sobre o Aniversário da nossa querida Escola Preparatória. Quando olhei pela janela do escritório, percebi uma revoada de andorinhas sobre as árvores do outro lado da rua. Imediatamente me vieram as lembranças de quase meio século atrás, de quando cheguei à nossa querida Campinas para cursar a Escola Preparatória. Naquela época era notória a quantidade desses pássaros migratórios que chegavam à cidade em verdadeiras nuvens e por aqui se acomodavam por um bom período. Por essa razão, Campinas era apelidada “A Cidade das Andorinhas”. Chamei a Beth para assistir, mas a maioria das andorinhas já havia ido embora. Mesmo assim, ela filmou com o celular. No meu ipad, pus para tocar a música antiga do Trio Parada Dura que fala da volta das andorinhas. Contamos para a Raissa, ela juntou as imagens ao som, editou e o resultado está aí, para marcar esta data diferenciada.

HOJE A NOSSA ESCOLA PREPARATÓRIA COMPLETA 82 ANOS!

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Esta nossa Escola querida foi construída pela soma do trabalho, do esforço e da dedicação de muitos. Suas espessas paredes, seus extensos corredores, as salas de aula de tantas histórias, a torre de aparência medieval, os bosques encantados que a emolduram... E, acima de tudo, as pessoas: as pessoas que ali vivem ou viveram, que ali trabalham ou trabalharam, as pessoas que a ela dedicam amizade e admiração, as pessoas que a amam como amam a sua própria casa. Nós que, em diversos momentos, fizemos parte dessa jornada de 82 anos, estamos felizes em ver o resultado das ações de tantos ao longo desse extenso período; felizes em saber que ela sobreviveu às tentativas de extinção e que ela cresceu no cumprimento de sua missão – missão esta que em nenhum momento foi deixada de lado: preparar os futuros Cadetes de Caxias, os futuros Oficiais e os futuros Oficiais-Generais do glorioso Exército Brasileiro. Esta é a nossa Escola Preparatória. Aqui aprendemos os primeiros passos na profissão m

Ética Militar Espírita

                                                                                                           Décio Schons   A profissão militar é detentora de uma ética própria, baseada em quatro pilares tradicionais: o Sentimento do Dever, a Honra Pessoal, o Pundonor Militar e o Decoro da Classe. Esses pilares, bem como os atributos a eles orgânicos, encontram-se em concordância com aquilo que Alfred de Vigny explicitou tão bem em seu livro “Servidão e Grandeza Militares”, com todos os paradoxos ali relatados. Assim é que nossa profissão pode nos proporcionar momentos de singulares realizações pessoais no serviço da coletividade, em tempos de paz ou de guerra, mas pode também nos impor os maiores sacrifícios e atribulações em tempo de guerra, como, por exemplo, tirar a vida dos nossos inimigos. A ética militar é, portanto, bastante complexa, na medida em que às bases da filosofia grega e dos princípios da Ética Cristã somam-se os princípios agregados pela Ética do Dever e pelo Utilita

Uma Razão para Escrever

                                                                                                                                                Décio Schon s                     Os personagens vivem na minha memória. É impossível sufocá-los, impedir que se manifestem. Às vezes, quando penso já havê-los de todo esquecido, as imagens aparecem de repente, nítidas, as cenas a sucederem-se, como se o tempo não houvesse passado, como se elas ainda estivessem ali, congeladas, esperando uma providência, uma tomada de posição – algo que nunca soube identificar, algo que se queria de mim, mas que não conseguia perceber, por mais que me esforçasse. Hoje cheguei a uma conclusão. O que se quer de mim é que esses personagens e essas cenas sejam descritas, para que não se percam e, perdendo-se, perca-se parte da história. Essas histórias e essas cenas, muito locais e muito limitadas em sua expressão, podem, à primeira vista, parecer coisas de pouco ou nenhum valor. Não há, porém, coisas desimportan

Viola

Décio Schons Era o mês de março de 1970 e aquela estava se revelando uma manhã diferente. Logo cedo, o velho Ford do Seu Deoclécio encostara na estrada em frente à nossa casa e começamos a colocar nossas coisas para dentro dele. Estávamos de mudança para a cidade. Meu sentimento não era nem de tristeza nem de alegria, mas sim de expectativa pelo que a nova vida iria nos trazer, pois, apesar de muito ouvir falar, não tinha a mínima ideia do real significado daquela simples expressão: “fulano foi morar na cidade”. Pelo final da manhã, estava toda a mudança na carroceria do caminhão e fomos chamados a embarcar: o Pai e a Mãe na cabine e nós, os moleques, na carroceria. Antes da partida, uma série de recomendações: -          Segurem-se bem, meninos, não vão voar daí de cima em alguma curva ou solavanco. E segurem bem as cadeiras de vime. Trazia comigo a cachorrinha Viola, mas recebi ordem terminante de soltá-la no pátio da casa. -          Larga já aí. Não há lugar para cachorro

O Corote

                                                                                                                                                                            Décio Luís Schons O Corote era um andarilho que passava uma boa parte do tempo na casa de um colono nosso conhecido, na mesma localidade onde morávamos. Como todo bom andarilho, ninguém sabia seu nome verdadeiro, de onde era, quem eram seus pais ou o que havia feito na vida até aquele momento. Alguns diziam que era um criminoso foragido da polícia, e de fato sempre que havia alguma atividade festiva em que os brigadianos da Vila do Toropi compareciam, o Corote desaparecia. Ele dizia que era pelo medo que tinha de armas. O certo é que o Corote chegava sem avisar, se aboletava no galpão do nosso vizinho e lá ficava por tempo indeterminado. Ajudava nos trabalhos da casa, repontava as vacas para tirar leite, carregava lenha para o fogão, buscava água no poço para a dona da casa cozinhar. Quando a família sentava para

BALDO E ERMELINA

  Décio Luís Schons Ermelina era uma menina-moça morena muito bonita e admirada por todos do lugar pela educação e habilidades na cozinha e nos bordados. Tinha quatro irmãos mais velhos, muito ciumentos, que a mantinham sob estrita vigilância. Isso, porém, não a impedia de corresponder aos olhares enamorados de um moço corpulento e bonachão chamado Baldo. Baldo era apaixonado por Ermelina. Nos bailes de salão, dançavam a rancheira e o xote carreirinha e divertiam-se muito. Nós, meninos sapecas, prestávamos muita atenção na maneira como o Baldo, muito mais alto que a Ermelina, segurava a mão dela bem na vertical, fazendo com que a moça mostrasse um bom pedaço das pernas, do joelho para cima, enquanto dançavam. Para nós, o casamento dos dois era uma questão de tempo, apesar da falta de entusiasmo da família da Ermelina por aquele relacionamento. Daí a surpresa quando correu a notícia de que ela iria se mudar para a cidade, para trabalhar como empregada na casa de uma família abasta

O Espiritismo e seu Aspecto Religioso

                                                                                                                                                                            Décio Luís Schons A popularização do Espiritismo no Brasil levou, com o passar dos anos, a que muitas pessoas tivessem da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec uma visão limitada, como se ela fosse mais uma seita ou corrente religiosa no âmbito do Cristianismo. Percebe-se em algumas casas espíritas uma tendência ao igrejismo, à rigidez de procedimentos e até mesmo ao estabelecimento de rituais, em completo desacordo com o preconizado pelos mensageiros espirituais que transmitiram a Kardec, por intermédio de centenas de médiuns em muitos países, as bases da Doutrina e a universalidade do ensino dos espíritos. É preciso que nós, espíritas, jamais percamos de vista os fundamentos da Doutrina que abraçamos. Esses fundamentos, como já ressaltado de início, encontram-se nos livros da Codificação e conferem à Do

O Improvável Comensal

  Décio Luís Schons Casamento da irmã mais velha. Sensação de perda, dolorosa e inevitável. Que seria de nós agora, sem aquela voz tranquila e aconselhadora, mesmo nos momentos em que nós, a piazada arteira, aprontávamos as nossas diabruras? Como viver sem nossa irmã para cuidar das nossas gripes, para nos mandar assoar o nariz sem limpar na manga da camisa, para nos mandar lavar muito bem os pés antes de ir dormir? De minha parte, não entendia por que minha irmã, na verdade uma segunda mãe, tinha que se casar com aquele moço que morava tão longe de nosso povoado – casar e ir embora. Não conseguia ver lógica naquilo, mas as coisas acontecem mesmo sem uma lógica aparente. O dia do casamento, não preciso dizer, foi para mim um dia sem o qual eu teria passado muito bem. Sei que estão curiosos com o fato em si que me motivou a escrever esta historieta, mas não posso ir direto aos finalmentes sem antes situá-los no tempo e no espaço – o palco em que os acontecimentos tiveram lugar.

O Pequeno Morto

  Décio Luís Schons O caixãozinho ocupava o centro da sala, apoiado sobre duas cadeiras de assento de palha. Uma faixa de cetim branco emoldurava o rostinho muito redondo e pálido do bebê que parecia dormir. Em torno, as pessoas iam se revezando nas cadeiras de madeira e assento de palha trançada. Sentavam-se com uma expressão séria e triste. Entreolhavam-se em silêncio, como temendo causar sobressalto ao pequeno morto, caso levantassem a voz. – Será que esse inverno ainda vai longe? – a pergunta feita em voz baixa ficou suspensa entre a fumaça dos palheiros, sem resposta. Lá fora fazia frio. Uma lufada de vento esgueirou-se por uma fresta da parede para apagar a lamparina e duas das quatro velas que enquadravam o caixãozinho. Agora só as pequenas chamas das velas restantes, dançando loucamente com a aragem, quebravam a escuridão. Nhá Caruca, a parteira e benzedeira do lugar, estendeu a mão e apanhou uma das velas para tornar a acender a lamparina, entre olhares de aprovação.

No Aniversário de O Evangelho Segundo o Espiritismo

                                                                                                                                                             Décio Luís Schons Sabemos que o Espiritismo não é propriamente uma religião, e sim uma Doutrina que incorpora um significativo aspecto religioso. Na verdade, nossa Doutrina Espírita começou como filosofia, com a publicação de O Livro dos Espíritos em 1857, prosseguiu como ciência com a 1ª edição de O Livro dos Médiuns em 1861 e incorporou seu aspecto religioso com a publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo em 1864. Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec, era um professor e cientista e como tal não tinha ideias preconcebidas. Quando teve notícia dos episódios envolvendo as mesas girantes, seu impulso foi investigar para denunciar as fraudes que, no seu entendimento, estavam por trás dos fenômenos. A constatação de que havia, sim, inteligências atuando em outro plano de manifestação e d

A Religião do Exemplo

                                                                                                                                                                              Décio Luís Schons (*) Era outubro de 1975. Comemorava-se o Dia do Professor na EsPCEx, onde cursava, como integrante da Turma Santos Dumont, o terceiro ano do curso colegial. Havia participado de forma bem-sucedida no concurso de redação em homenagem à data e em virtude disso fui convidado pelo Comandante da Escola, o então Coronel José Maria de Toledo Camargo, a participar do almoço comemorativo, com todos os professores e instrutores, no Salão Nobre. Mais ainda, fui distinguido com a deferência de sentar-me à mesa do Comandante, juntamente com o Decano dos professores, os oficiais mais antigos e os professores mais velhos. Durante o almoço, surgiu à mesa o tema da diversidade dos grupos religiosos existentes na Escola, com a União Católica dos Militares, o Núcleo dos Alunos Evangélicos e o Núcleo dos Militar

Nena

                                                                                                                                                                                      Décio Schons  Não ligues se me estendo. Esta história é meio triste, mas  tem   também um quê de engraçada. Todos nos lembramos da Tia Mariquinha, aquela irmã da nossa mãe que nos mandava limpar bem os pés antes de entrar, toda vez que chegávamos à casa dela. Sim, aquela que nos olhava com olhar de jaguatirica. Pois a Tia Mariquinha, casada com o Tio Quincas, teve quatro filhos, três meninos e uma menina, a Nena. Os nomes dos meninos não vou aqui dizer, pois não são importantes para este causo. Essa nossa tia era meio esquisita, desde que me lembro por gente. Paparicava os meninos, fazia-lhes todas as vontades, não deixava que faltasse nada a nenhum deles – eram pessoas de alguns recursos, esses Fragosos da costa do Brejo Grande (pena que para nós não deixaram herança alguma). Mas a Nena, coitada, só

O Espiritismo Consolador

                                                                                                                                                                            Décio Luís Schons  (*) Cento e cinquenta e oito anos atrás, num mês de abril como o que estamos vivendo, o mundo recebia O Evangelho Segundo o Espiritismo , a terceira obra do Pentateuco Kardequiano, em sequência à publicação de O Livro dos Espíritos , em 1857, e de O Livro dos Médiuns , em 1861. Era um passo importante na trajetória do Codificador e na afirmação da Doutrina Espírita nascente como detentora de uma sólida base filosófica, ética e moral, amparada nos ensinamentos do Mestre Jesus Cristo. Logo no prefácio do livro, O Espírito de Verdade , principal inspirador e orientador dos trabalhos de Kardec, dirige-nos comovedor chamamento ao trabalho e ao progresso espiritual: “Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto.” Era mais uma edição desse convite, que vem sendo renovado, através dos tempo

Mediunidade: Dom, Missão ou Talento?

  Décio Luís Schons  (*) Ao longo de nossa jornada, somos às vezes questionados sobre temas de grande importância para o cumprimento das tarefas relacionadas à Doutrina Espírita no contexto da família, do grupo social em que desempenhamos nossos trabalhos profissionais e da sociedade de que somos parte. Um desses temas recorrentes é a natureza da mediunidade, entendida como a capacidade do ser humano encarnado de atuar como intermediário e estabelecer a comunicação entre os espíritos desencarnados os encarnados. É importante que, antes de prosseguirmos, seja aqui registrada nossa gratidão a todos aqueles que nos interrogam sobre temas doutrinários, pois é a partir da dúvida, nossa e de nossos amigos, que encontramos o estímulo para o estudo, para a reflexão, para o crescimento, enfim, em todos os significados intangíveis da palavra. Apesar de tudo que já foi escrito e publicado sobre a natureza da mediunidade, desde os primórdios da Codificação Kardequiana, é natural que surjam

MEDIUNIDADE

                 Meus irmãos, boa noite. Venho falar-vos hoje sobre a mediunidade. A mediunidade pressupõe a higiene mental, o coração aberto para a caridade e, principalmente, para a humildade. A mediunidade não é um estado comum do ser humano, é antes um estado de intercâmbio, de doação de luzes preciosas, de pérolas e de diamantes espirituais. Sendo assim, esse dom deve ser cultivado, mantido limpo, harmonizado, para que o médium possa receber o auxílio e a proteção dos irmãos bem-intencionados do espaço. Caso contrário, o médium, esse ser detentor de tão precioso dom, será deixado à própria sorte, pois os trabalhadores do mundo espiritual têm muito a fazer no apoio a outros medianeiros sinceros e honestos e não podem perder tempo com quem não se dispõe a cuidar do próprio progresso. São devidos a fatores dessa ordem os problemas de tantas casas religiosas que não contam com a devida proteção. São elas frequentadas por médiuns despreparados, que caem, muitas vezes sem querer e