Os Irmãozinhos Afuzilados de São Gabriel
Décio Luís Schons (*) Tio Aprígio era um gaúcho andejo que gostava muito das viajadas longas no lombo de um rosilho malacara sestroso e passarinheiro. O cavaleiro gostava dessas esquisitices do cavalo porque o obrigavam a estar sempre atento, de modo a antecipar as reações do animal, pois caso não estivesse atento o tombo era certo. De vez em quando, meu tio encilhava o rosilho, ajeitava uns poucos trastes na mala de garupa, conferia se as cédulas amarelinhas estavam mesmo na guaiaca e saía a trote, sem dizer a ninguém para onde ia nem quando pretendia voltar. Tia Florência, que conhecia muito bem o marido, dava de ombros e prosseguia no serviço de sempre, sabendo que de pouco adiantava ficar preocupada ou chateada: não iria resolver o problema mesmo. Além do que, para ela a ausência do tio Aprígio não chegava a ser assim tão custosa.