Enquanto é Tempo

Nota do autor: caros Amigos, o texto a seguir foi recebido como inspiração no ano de 2008. Como a temática é bem atual, decidi compartilhá-lo. Comentários são bem-vindos.

Caros irmãos e irmãs, o aprendizado, no que toca à Doutrina Espírita, há de ser constante e ininterrupto. O preconceito deve ser banido de todas as nossas cogitações, como característico da total ausência de caridade. Nossos olhos devem permanecer abertos para novas possibilidades de trabalho e novas oportunidades de ampliação dos conhecimentos, apareçam elas de onde aparecerem.

As ideias preconcebidas e o menosprezo por essa ou aquela doutrina, por esse ou aquele rumo doutrinário precisam ser combatidos no coração de cada um dos irmãos e irmãs. Sabemos que há farto material disponível, em função mesmo da própria revolução das informações ora em curso no planeta. É preciso, porém, bom senso e discernimento para separar o joio do trigo na seara doutrinária. As novidades, principalmente aquelas que pareçam fantásticas, deverão ser sempre analisadas com rigor, sob o risco de servirmos de joguetes ou de instrumentos úteis aos propósitos de pessoas mal-intencionadas.

Tomados os devidos cuidados, nada deverá ser rejeitado a priori. O corpo doutrinário precisa alargar-se para acomodar as novas noções que o homem moderno já tem capacidade de compreender. Por isso, não devemos ser presunçosos nem preconceituosos, o que não nos impede de ter o maior cuidado na análise de tudo que nos é submetido à consideração.

Momentos se avizinham em que será necessário permanecer muito firmes em nossa fé. Não vamos nos esquecer, porém, de considerar que os vendavais destruidores têm muitas vezes uma finalidade de purificação, tanto no plano físico quanto nos planos mais sutis.

Convido-os, portanto, a fortalecer nossos veículos físicos e energéticos, através dos bons pensamentos, dos sentimentos puros e da prática salutar da caridade em todos os planos de manifestação. Não haverá muito tempo disponível para fazê-lo, portanto é bom que intensifiquemos logo essa prática. Se olharmos para trás, veremos como passaram quase despercebidos tantos anos em nossas vidas. Os anos que estão pela frente irão escoar-se ainda com maior rapidez, pelo simples fato de que agora estamos todos mais conscientes desse constante vir a ser.

É preciso ter em conta que o tempo que nos foi concedido é o maior talento, distribuído por Deus a cada um. Vamos fazê-lo frutificar, não vamos deixá-lo esvair-se de forma preguiçosa, pois isso, caso aconteça, irá nos causar não pequenas dores e muitos dramas de consciência quando no futuro, ao lançarmos o olhar para trás, pudermos perceber o imenso bem que poderia ter sido feito e não foi.

Responsabilidade já foi definida como a habilidade para responder, o que está correto. Alargando um pouco mais o conceito, essa palavra também significa a obrigação de responder, no sentido de que cada pessoa será chamada, de forma inescapável, a prestar contas pelo que fez ou deixou de fazer.

A liberdade de escolha, ou o livre arbítrio, tem, dessa forma, sua natural limitação na questão da responsabilidade, fator que não poderá abandonar, em hipótese nenhuma, as cogitações do ser espiritualizado. Após prolongado período de promiscuidade e excessiva liberdade sem a contrapartida da responsabilidade, é necessário que se parta, de forma veemente, para a reconstrução de tudo que foi destruído, agora num patamar superior.

Jamais se conseguirá voltar ao passado, àquilo que foi perdido, pois na natureza nada volta atrás. As próprias estações do ano, que aparentemente vêm e vão, na verdade não se repetem com exatidão. São ciclos, sim, mas cada ciclo se repete em outro nível – essa é a lei da natureza.

Assim sendo, meus irmãos e irmãs, observemos com atenção o dia de amanhã, pois nunca mais iremos assistir ao mesmo raiar do dia, ao mesmo nascer do sol, ao mesmo anoitecer. As aves que cantarem amanhã nas árvores de nossos jardins não serão as mesmas, ou, se forem, seu cantar já será diferente do que ouvimos hoje. E nós próprios, queridos irmãos e irmãs, a cada dia somos seres diferentes, pois incorporamos uma nova carga de emoções, de sentimentos, de conhecimentos; a cada dia nosso registro cármico é aliviado ou reforçado; hoje já não somos os mesmos que éramos no dia que passou.

O tempo, pois, é nosso maior tesouro, nosso maior talento, e dele, como de todos os talentos que recebemos, seremos chamados a prestar contas. Por isso disse Jesus que corrêssemos a nos reconciliar com nosso irmão enquanto ainda era tempo. 

Enquanto é tempo, pratiquemos o perdão; enquanto é tempo, exercitemos o amor; enquanto ainda é tempo, que não nos falte a caridade. 

Enquanto é tempo, lancemos para o passado os maus pensamentos, as ideias de vingança, os ódios, as mágoas, as amarguras. Para que a presente reencarnação seja proveitosa e feliz, perdoemos e amemos uns aos outros – enquanto é tempo. 

Pax

Brasília, 28 de setembro de 2008


Comentários

  1. Texto maravilhoso, já nos damos conta que o tempo é curto e parece passar mais rápido a cada dia, mas precisamos ser constantemente lembrados disso.

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  2. O tempo é o senhor da verdade. Sempre será. Bela e verdadeira reflexão. Abs.

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  3. Sensacional General. Realmente um texto para nos fazer pensar, meditar e por tudo em pratica enquanto ainda ha tempo.

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  4. Às vezes o Divino Mestre, os mentores espirituais nos apresentam importantíssimas mensagens para reflexão, e não podemos perder a oportunidade de nos arrepender de muitos erros cometidos, de que nos sejam lembrados momentos para analisarmos nossas causas pelo sofrimento dos nossos semelhantes. O importante é aproveitarmos e que reflitamos tudo, e principalmente, que não repitamos os mesmos erros cometidos no passado. E que reflitamos mais ainda sobre a prática dessa humildade que nos falta, porque a reconciliação se houver com algum irmão seja restabelecida, enquanto os dois estivermos presentes, porque depois que um de nós partir deste mundo, será tarde demais para essa reconciliação. Que a mensagem do Espírito muito evoluído seja uma oportunidade para que nós, pecadores, não deixemos passar como o vento e a tempestade que se foi.

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  5. O tempo e o vir a ser. Duas questões nas quais se debruçou a filosofia, dos pré socráticos á Aristóteles. Como leis universais da Física e da Metafísica, transcendem e perpassam o conhecimento humano até o encontro com a percepção da finitude (no tempo) , e da evolução (vir a ser) na espiritualidade. Assim os mentores propagam a doutrina, limitados pela relação espaço tempo, mas livres para a manifestação , nos canais abertos e sintonizados de mentes evoluídas e moralmente corretas, onde o renascer é constante, a palavra é vida, a fé é a felicidade, e a sabedoria está em viver os ensinamentos do Mestre. Paz e Bem

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