Na Estrada de Damasco

 

Nota do autor: Caros Amigos, o texto de hoje é resultado de inspiração recebida há já alguns anos. Sempre que passo os olhos por ele, sinto uma forte emoção. Por isso decidi compartilhá-lo. Obrigado pela consideração da leitura.


    Estudemos o episódio de Saulo de Tarso na estrada de Damasco. O doutor da lei, imbuído da missão que se autoimpusera como sagrada, perseguia os cristãos, que se lhe afiguravam como perigosa ameaça à sociedade e à maneira como vivia e como haviam vivido seus antepassados. 

    Nada lhe poderia soar mais importante que a missão de aniquilar o monstro do Cristianismo nascente, capaz, no seu entender, de perturbar de forma permanente o estilo de vida que aprendera a amar e a reverenciar.

    Eis que, no decorrer de uma dessas perseguições, na estrada que conduzia a Damasco, surge-lhe à visão a aparição que o faz tombar, cego, do cavalo que montava, enquanto uma voz lhe soa aos ouvidos, arguindo-o sobre as causas da perseguição de que se fazia instrumento.

    A seguir, convencido de que fora o próprio Cristo que se dirigira a ele, processou em seu íntimo um profundo trabalho de reavaliação de suas posturas e passou a ser o defensor maior da doutrina que execrara.

    Levou então a Boa Nova a numerosas paragens do mundo antigo, tornando-se o seu maior propagador, e passou à História como Paulo, o Apóstolo dos Gentios. 

    Analisemos o acontecimento sob outro prisma. Encaremos Saulo como o homem íntegro, a pessoa coerente que agia de acordo com as suas convicções. O valor máximo em sua existência era a ortodoxia judaica, o corpo de doutrina expresso no Torah, herdado dos antepassados, e que deveria permanecer em vigor até a vinda do Messias. Onde estaria o erro? 

    A reposta está exatamente nesse ponto, no fulcro que Saulo estabelecera para sua vida. Ele centrara sua ação na atuação religiosa. Tudo o mais passara a orbitar em torno de sua fé e a ela subordinava sentimentos, pensamento e ação. Mas sua fé assentava sobre princípios antigos, que precisavam ser atualizados. Daí o equívoco. No momento em que recebeu do Eu Profundo, de sua essência espiritual o chamado, reconheceu a necessidade de correção e passou a centrar sua atuação em princípios verdadeiros e bem definidos.

    A partir daí conseguiu integrar as diferentes facetas de sua personalidade transitória num todo coerente e eficaz. Sentiu então nascer em si uma nova energia, suficiente para impulsioná-lo em direção a novos voos, a novas conquistas no campo espiritual. O caminho à frente revelou-se cheio de percalços, de espinhos dolorosos, de incompreensão e sofrimento. Todavia, guiado pelos princípios recentemente esposados, passou a entender e a perseguir a conquista de uma nova dimensão para sua existência. Arrostou todos os perigos com destemor.

    Mesmo a morte física passou a ter pequena importância para ele, convicto que estava do prosseguimento da vida após o encerramento da romagem terrestre. Encerrando a missão na Terra, teve a não pequena glória de deixar-se imolar pela Boa Nova, tornando-se mártir do Cristianismo e inspirador de tantos que o seguiram.

    Podemos dizer, caros irmãos, que muitos dos encarnados encontram-se, presentemente, cada um em sua própria estrada de Damasco. Os atrativos do mundo das formas, da vida material vos cegam e vos levam a fazer deles o fulcro de vossas vidas. No entanto, como sucedeu a Saulo, vosso Ser Profundo grita dentro de vós, mas não lhe dais ouvidos. Não vos conectais a ele, e por isso sofreis. Sofreis pelo que não tendes e sofreis pelo que tendes. O véu da ilusão ainda impera em vossos corações, e pouco conseguis perceber para além dele. Necessário se torna que reexamineis os princípios em que se baseiam vossos códigos de conduta. É tempo de buscar a conexão com o Ser Divino que habita o íntimo de cada um de vós.

    Por que vos contentais com o pó da estrada em vossos olhos, quando as luzes do infinito se dirigem para vós? Deixai que a voz do Eu Profundo vos chegue aos ouvidos. Abri o canal para a inspiração. Desde este lado do véu, desde profundidades jamais sonhadas do Cosmo, miríades de vozes aguardam ouvidos que as ouçam. Sede os vossos os ouvidos a atender a esses chamados, sede os vossos os olhos a vislumbrar as luzes de mais além. Pois veja quem tenha olhos de ver, e ouça quem tenha ouvidos de ouvir. É tempo.

(Intuição recebida de um Amigo Espiritual, em Brasília, às 10 horas da manhã do dia 21/09/2008)


Comentários

  1. Texto que merece muita reflexão. Na realidade, não sei se é tempo ou, se para alguns, o tempo já passou. Creio que damos muito valor ao supérfluo e esquecemos do principal: do nosso espírito. Abs, Gen Schons.

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  2. Na minha concepção, o apóstolo Paulo teve um encontro com o Espírito Santo. o que seria a vida sem o espírito? Nada ao meu ver

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  3. Caro Schons, Boa tarde. Magnífica Psicografia e uma grande verdade. Fraterno abraço.

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  4. Amigo Schons, gostei muito da mensagem. Sou seguidor e devoto da mensagem e da história de Saulo, uma das rochas do cristianismo.
    A epifania dele foi similar à de Santo Agostinho em Milão no anos 400 AD por aí.
    Mas o que gostei mais de sua mensagem é a chamada pra escutarmos nossas vozes internas e que nos trazem a verdade e quem realmente somos.
    A livrarias estão cheias de livros e gurus de auto ajuda mas sempre acho que nas escrituras encontramos o que procuramos.
    Grande abraço ao amigo

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  5. Obrigado por compartilhar palavras tão profundas, encorajadoras e fortalecedoras Gen Schons.
    Todos nós, que queremos evoluir nos ensinos do Cristo Jesus, precisamos fortalecer a fé, como lembra o texto, praticar segundo os exemplos vencedores.
    Que Deus o conserve e ilumine sempre!
    Muito obrigado!

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